«Dieta milagre»
Funciona um pouco assim: por vezes pensa-se que podemos perder aqueles pneus, recorrendo a uma dieta miraculosa que restitui, em pouco tempo, uma silhueta elegante. Restringe-se a alimentação, na esperança do emagrecimento. O pior é que tal prática acarreta conseqüências muito desagradáveis para o corpo.
As «dietas milagre» só dão resultado em curto prazo. “A pessoa está contente porque perde peso, no entanto, as conseqüências no metabolismo são evidentes e a pessoa vai engordar outra vez”.
Os efeitos nefastos entendem-se também ao aspecto psicológico e ao comportamento alimentar. Começam a surgir às fobias em relação a determinadas comidas, elaboram-se listas de alimentos proibidos e alimentos permitidos. Em nome da linha, gera-se uma obsessão quotidiana, com a qual se vive dia após dia. A ausência, por exemplo, dos hidratos de carbono (também conhecidos como carbono, glicídios, glucídeos, glucídios, sacarídeos ou açúcares,) nas refeições é uma opção extremamente penalizadas, porque se verifica perdas de água, massa muscular.
Nos anos 70 registraram seis dezenas de óbitos nos EUA devido a uma dieta só à base de proteínas, que enfraqueceu seriamente o principal músculo das nossas vidas: o coração, o primeiro órgão a sofrer as conseqüências.
Além disso, quando a pessoa engorda outra vez, não há uma reposição de músculo, mas de gordura, o que torna tudo ainda mais difícil. “Ora, a função do músculo no corpo é a de queimar as calorias. O primeiro ponto nestas idéias é dar a conhecer os efeitos do emagrecimento rápido. É preciso reconciliar a pessoa com o seu próprio corpo”, avisa a especialista. Aceitar viver com as formas genéticas que não podem ser removidas e respeitar os sinais corporais: a fome e a saciedade.
Se o corpo requer energia para fazer frente às necessidades quotidianas e não é dada uma resposta adequada, nomeadamente através de uma alimentação carreta, são utilizadas as reservas de gordura de uma forma muito econômica. Esse processo implica um descontrolo em termos alimentares, pois a pessoa come tudo o que lhe vem ao prato. E Lyne Mongeau acrescenta que “prestar atenção aos sinais do corpo é uma idéia antiga, mas que se perdeu por imperativos da modernidade, que se traduzem numa desorganização dos hábitos alimentares”.
Escolher emagrecer
O problema da obesidade tem vindo a ganhar um peso significativo nas sociedades contemporâneas. A principal razão que leva ao aumento da obesidade nas populações assenta na diminuição da atividade física e no sedentarismo. Por exemplo, em Praga (República Checa) foi estabelecida uma relação entre o excesso de peso e a subida do número de automóveis.
“As pessoas deixaram de andar a pé. A idéia é levá-las a praticar atividade física, não para emagrecerem, porque não é um meio para emagrecer, mas antes para manterem um bom estado de saúde generalizado”, defende a nossa interlocutora.
O projeto «Escolher emagrecer», levado a cabo no Canadá por Lyne Mongeau, é um programa de grupo, para mulheres adultas de idades compreendidas entre os 20 e os 60 anos, com a duração de 45 horas, durante 14 semanas. O estilo intensivo e a sua divulgação vão ao sentido de alertar as mulheres que estão obcecadas pelo corpo, mas que também estão fartas de saltar de uma dieta para outra.
São mulheres que tentaram várias dietas e que começam por descobrir, no percurso sinuoso a que se sujeitou que algo não está a funcionar como devia. O que as leva a pensar que não é apenas um problema de comportamento pessoal.
Nas sessões de grupo, cada mulher conta a sua história, num espírito de partilha das experiências individuais. Os animadores do programa contribuem com o conhecimento técnico sobre nutrição, atendendo a questões acerca do funcionamento do metabolismo, os comportamentos alimentares obsessivos, por que razões as dietas não proporcionam os resultados desejados.
Além das reuniões em conjunto, cada pessoa tem de efetuar uma série de atividades: ler artigos de revistas especializadas, verem filmes, cumprir um diário alimentar, tomar consciência em relação aos sinais de fome e saciedade do corpo e refletir sobre as causas dos fracassos das dietas.
Investir na saúde
No final de todas estas etapas, a mulher vai tomar uma decisão. “Vou tentar emagrecer mais uma vez?” refletir em várias alternativas. Uma delas será o investimento na saúde sem uma preocupação exagerada com o peso corporal. Mas investir de que maneira? Em primeiro lugar, uma modificação nos hábitos alimentares. O que não significa proibição no consumo de determinados alimentos, como batatas fritas ou gelados.
Todos os alimentos são permitidos. A partir do momento em que a pessoa não se sente privada, percebe que pode comer de tudo naturalmente em quantidades moderadas. Eis a receita para melhorar a auto-estima e a autoconfiança.
Em simultâneo, é possível optar por uma atividade física, encarando esse fato não como um processo de emagrecimento, mas como uma prática saudável. Por outro lado, há quem fique ciente de que o seu metabolismo já se encontra desorganizado e de que o emagrecimento não é possível. Assim, os esforços são canalizados para a manutenção do peso. Mas é sobretudo indispensável apagar de vez as obsessões. Texto de: David Carvalho | Revista ExKlusiva